Projetos utilizando novas tecnologias, para reaproveitamento dos rejeitos de mineração em Rondônia, foram desenvolvidos nos anos 2016 a 2018, por iniciativa própria das empresas mineradoras, ou parceria com empresas públicas.

Um deles foi o Projeto Identidade Mineral da Província Estanífera do Rondônia, que aconteceu no período 2017/2018, coordenado pela CPRM (Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais – Serviço Geológico Brasileiro). O projeto contou com cooperação do governo alemão, através da DERA (German Mineral Resources Agency) /BGR (Federal Institute for Geosciences and Natural Resources), e  parceria dos produtores de estanho da região do Vale do Rio Jamari – Rondônia.

Estudos geometalúrgicos desenvolvidos na Alemanha, utilizando amostras de preconcentrados/rejeitos de plantas gravimétricas, coletados em 04 áreas distintas: Bom Futuro, Massangana, Cachoeirinha e Santa Bárbara, foram utilizados para análise de minerais pesados em estanho, e associados: tântalo, nióbio, titânio, wolfrâmio, terras raras, utilizando metodologias diversas: mineralógicas (análise de raio X, seções polidas por luz refletida, análise microscópica por luz polarizada, escaneamento por microscopia eletrônica – análise EDX, análise de liberação mineral – MLA); geoquímicos por análise de raio X, análise de contaminantes radioativos, análise dos minérios de estanho, e associados (mineralogia – EDX, XRD e MLA, geoquímica da fração dos minerais leve e pesados); processamento mineral (fluxograma de processos, separação por liquido denso, separação magnética, flotação experimental da monazita, separação de minerais radioativos).

Os resultados obtidos estão consolidados, em recomendações e orientações, apresentados em fluxogramas para melhorias no tratamento gravimétrico de minério de estanho, e apresentando novas rotas de processos para obtenção de subprodutos associados, hoje não aproveitados (tântalo, nióbio, titânio, volfrâmio, terras raras). As informações produzidas estão disponíveis na publicação “Investigations of tin and tantalum ores in the Rondônia Tin Province – development of optimized processing methods”, no endereço http://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/handle/doc/20331.

A Cooperativa dos Garimpeiros de Santa Cruz, em parceria com a empresa canadense Meridian Mining S.E., no período 2016/2017, realizou sondagens e testes metalúrgicos nos rejeitos de mineração na jazida de Bom Futuro, identificando novos processos de tratamento gravimétrico que podem ser aplicados na recuperação/reprocessamento do minério fino/misto de cassiterita.

Os estudos resultaram em Estudo Econômico Preliminar para aproveitamento econômico de 3.3 milhões de toneladas de recursos indicados, com 2.076 toneladas de estanho: 57,9 milhões de toneladas de recursos inferidos, com 30.447 toneladas de estanho, e potencial de 20 a 30 milhões de toneladas de rejeitos como alvo de exploração, apresentadas ao mercado através do documento oficial da bolsa Canadense (NI 43-101), publicado em Janeiro de 2018, disponível no endereço https://www.sedar.com/CheckCode.do.

Os testes indicam recuperação metalúrgica de 60%, para produzir concentrado com 60% de estanho, a partir de rejeitos processados em planta gravimétrica, com taxa de alimentação de 3,8 milhões toneladas/ano, custo de investimento de US$ 28,3 milhões, capacidade de produção para 31.925 toneladas de estanho ao longo de uma vida útil de 16 anos, previsão de VPL financeiro de US$ 50,2 milhões, a uma taxa de desconto de 10%, TIR de 39,8%.

Estes dois estudos tecnológicos dos rejeitos em Rondônia mostram que estes materiais, hoje não reaproveitados integralmente, apresentam oportunidades de grande potencial para novos investimentos em projetos de mineração.

Artigo escrito por Renato Muzzolon, geólogo e sócio-proprietário da Avistar Engenharia.